Editorial
Olhar para o futuro
Existe uma máxima, com algumas variações, que aponta algo como: "quem tem muitas prioridades, acaba por ter nenhuma". A considerar o significado da palavra, de fato afirmações que indicam uma grande lista de itens com primazia para execução não fazem sentido, já que o conceito de prioridade é, basicamente, aquilo que vem primeiro. Logo, não há como duas, cinco ou dez tarefas ocuparem a posição única de pontear uma ordem. Uma precisa estar à frente das demais.
Toda essa introdução vai ao encontro de uma decisão importante tomada pela Prefeitura de Pelotas e anunciada na última quarta-feira, durante a Fenadoce. Conforme o que foi estabelecido, a partir de agora a gestão do Município adotará de vez olhar preferencial às crianças no momento de formular e dar andamento às políticas públicas. Nas palavras da prefeita Paula Mascarenhas (PSDB), o objetivo é fazer com que o projeto Pelotas Cidade das Crianças seja o foco total do governo. "Se a cidade é boa para essas pessoas, é boa para todo mundo", sentenciou, ao falar da iniciativa.
Embora a evolução da pirâmide etária brasileira evidencie que a cada ano que passa haja envelhecimento da população _ pessoas com mais de 30 anos são hoje em torno de 56%, enquanto há dez anos representavam 50% _, é inegável que a garantia de um desenvolvimento qualificado das crianças sinaliza a possibilidade de um futuro muito melhor. A elas, às suas famílias, à cidade como um todo. E centralizar ações no público infantil significa, no caso de Pelotas, jogar holofotes sobre o equivalente a 60 mil pelotenses, segundo dados demográficos do Sistema DigiSUS, do Ministério da Saúde. É atender as necessidades e potenciais de aproximadamente 17,5% da população (considerando de zero a 14 anos), mas que serão os mais de 80% restantes em pouco tempo.
Se governar é fazer escolhas, a Prefeitura de Pelotas fez a sua. Ainda que na fase final de sua gestão _ e carecendo de dar mais detalhes sobre seu plano, tal como fonte de financiamento e cronograma de ações mais claro _, Paula apontou para o futuro. Ao indicar à sociedade e sua equipe de governo que o Município precisa melhorar para ser um ambiente acolhedor, sustentável e com estruturas físicas e de suporte dos serviços às crianças e suas famílias, a prefeita assume um compromisso público que, à primeira vista, indica muito por fazer. Olhar hoje para a cidade é perceber que quase tudo joga na contramão dos objetivos do programa. Contudo, reconhecer isso e traçar uma meta levando em conta os pequenos pelotenses de hoje, os adultos que farão a Pelotas de amanhã, é um primeiro e importante passo. A conferir os frutos disso logo adiante.
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